Legacy: Voltando ao básico e o efeito TikTok no consumo de conteúdo

Se você gosta de música pop, talvez tenha percebido que as músicas que os artistas lançam recentemente tem duração cada vez menor e com partes importantes ocupando pequenos espaços de tempo. Talvez o All Too Well (10 minute version) da Taylor Swift já seja um absurdo.

Essa prática já foi até carinhosamente apelidada de Efeito TikTok, onde os produtores buscam fazer músicas menores, mais chicletes e com coreografias mais elaboradas, com o intuito de adaptar e viralizar na plataforma de vídeos curtos.

Até vídeos na internet parecem mais longos. Antigamente era comum assistir vídeos de 20 a 30 minutos, hoje isso já parece massivo. Ter que assistir conteúdo em velocidades aumentadas como o famoso 2x já é algo que está a nos preocupar.

Seguindo essa tendência, o conteúdo educativo também se transforma. Existe até espaço para uma crítica a conteúdo que tem como proposta resumir eventos da humanidade em vídeos de vinte ou até dez minutos, mas talvez falaremos sobre isso outro dia.

E como isso afeta o conteúdo sobre programação?

Se você decide começar a estudar programação hoje, sem ser por uma faculdade, temos boas novas! A barreira de entrada é baixa. Desconsidere os essenciais como um computador e uma conexão a internet e vamos focar sobre o conteúdo didático. Pesquise por curso de programação grátis no Google e… BOOM!

Óbvio, isso não é uma reclamação. Ter bastante conteúdo introdutório sobre programação na internet é fantástico, ainda mais em português. Ter alguém que possa te dar um norte logo no começo e descomplicar o mundaréu de terminologias que utilizamos é muito legal.

Porém, com algumas exceções, cursos desse tipo costumam ser bastante simplistas com o material de ensino. Vejamos, você aprende o que é uma Variável, mas não entende muito bem o que é Escopo. Você aprende sobre APIs, mas não compreende exatamente o que é uma Interface.

Essas coisas que são intermediárias ou até avançadas, você aprende durante o processo, as vezes até com tentativa e erro. Mas hoje eu quero falar sobre algo que vale muito a pena fazer e tenho certeza que pessoas que já desenvolvem a algum tempo, assim como eu, irão retirar algum aprendizado valioso.

Back to Basics

Vamos usar o exemplo previamente citado para isso. Imagine que você é um desenvolvedor Back-end e passa boa parte do seu tempo dando manutenção e adicionando features em uma API. Graças a experiência adquirida com o tempo, você tem um modelo mental sobre o que é uma API e como ela deveria se comportar.

Então, por que não voltamos para a estaca zero? O que é uma Interface de Programação de Aplicação? É uma forma de interagir com um banco de dados? É uma forma de esconder código sensível?

Essa é a grande vantagem de voltar ao zero e revisar. Logo, você lembra ou até mesmo aprende que uma Interface é qualquer forma de comunicação entre dois entidades. Que seu propósito é conseguir expor alguma aplicações para o exterior, transformando-o em comunicável por outros sistemas.

Quer outro exemplo? Imagine que você já é um experiente programador de Javascript, mas decide voltar ao básico e estudar sobre Números e Arrays. Logo, graças ao seu comportamento prévio, você consegue entender novamente o conteúdo fundamental e ainda descobre que existem vários tipos de arrays tipados no Javascript para tipos específicos de inteiros que não são tão abordados no ambiente Javascript.

Conclusão

Talvez essa postagem seja uma grande reflexão minha sobre as estafas que passo com o trabalho rotineiro e o prazer que sinto em estudar o completo oposto disso. No cotidiano, cada vez mais acabamos dependendo de frameworks, bibliotecas, ferramentas que agilizam processos repetitivos, mas que acabam nos tirando a oportunidade de interagir com mais profundidade com a nossa própria obra.

Eu gosto muito de estudar sobre a natureza previsível de computadores e como isso é ignorado ao subir abstrações, e por estar frequentemente em contato com tecnologias que agilizam muito dessa parte, acabo voltando ao básico mais frequentemente do que eu deveria. Mas no fim, não faz mal.